sábado, 24 de julho de 2010

UMBANDA È A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO PARA A CARIDADE!


SURGE UMA NOVA ERA
Em 15 de Novembro de 1908. Compareceu a uma sessão a “Federação Espírita em Niterói”, um jovem de 17 anos, pertencente a tradicional família fluminense. Chamava-se Zélio de Morais e restabelecera-se, dias antes, de moléstia cuja origem os médicos haviam tentado, em vão, identificar. Sua recuperação inesperada causara surpresa. Nem os doutores, nem os tios, sacerdotes católicos, haviam encontrado explicação plausível.A família atendeu, então, à sugestão de um amigo que se ofereceu para acompanhar o jovem à Federação Espírita.O Dirigente dos trabalhos, José de Souza, convidou-o a participar da mesa. No decorrer da reunião, Zélio sentiu-se tomado por uma força estranha e ouviu sua própria voz perguntar: porque não eram aceitas as mensagens dos Índios e Caboclos, e, se eram eles considerados atrasados apenas pela cor e pela classe social que declinavam.Seguiu-se um diálogo acalorado, no qual os dirigentes da mesa procuravam doutrinar o Espírito desconhecido, que mantinha segura argumentação.Finalmente, um dos videntes pediu que a entidade se identifica-se, já que lhe parecia envolvida numa áurea de luz.Se queres um nome, respondeu involuntariamente Zélio, que seja este: CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, porque não haverá caminhos fechados para mim. E prosseguindo, anunciou a missão que trazia: Estabelecer um culto no qual os espíritos de índios e Negros escravos pudessem cumprir a determinação do astral: que teria como nome UMBANDA.E que não vinha só: dizia também: comigo a verdadeira Legião do Plano Astral, que tem como missão, ajudar a restituir a paz no mundo na “ERA DA REGENERAÇÃO”.Muitos foram os comentários dos menos esclarecidos, vejam só que garoto ousado, precisamos tomar cuidado com os espíritos mistificadores, que ousadia um espírito dessa natureza, dizendo em renovar a face da Terra, e reequilibrar os preconceitos e a desigualdade dos povos; devemos tomar muito cuidado.Mas, hoje podemos ver que o garoto não era ousado, e tão pouco, o Espírito mistificador, a religião foi tomando corpo e só no Brasil, já agrega 30 milhões de seres humanos.No seu meio há alguns problemas, bem o sabemos, todas as Entidades já nos haviam advertido sobre isto, mas, uma coisa é certa, se há problemas são apenas gerados pelos frutos da ignorância e muito pouco pelo da maldade.Tudo foi previsto. Os clamamentos, as regras morais e disciplinas, as pequenas confusões, etc, etc..
No dia seguinte, 16 de Novembro, na residência do jovem médium, na rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, realizou-se a primeira sessão desse culto, ao qual a Entidade reafirmou o nome de UMBANDA. Estavam presentes quase todos os membros da Federação Espírita, para verificar a veracidade do que fora declarada na véspera, os amigos da família surpreendidos e incrédulos, um grande número de desconhecidos, enfermos, alijados, que ninguém saberia dizer como havia tomado conhecimento do que se passava. E muitos deles, ao final da reunião, estavam curados.
Vamos fazer um breve parênteses para focalizar um assunto que tem dado margem a controvérsias: o emprego do vocábulo UMBANDA.
Diz Matta e Silva, no Livro “UMBANDA DO BRASIL”.
Esta complexa mistura, que o leigo chama macumba, baixo espiritismo, magia negra, envolvendo práticas fetichistas e barulhentas, em pleno século XX, era a situação existente, quando surgiu um vigoroso movimento de luz, ordenado pelo Astral Superior, feito pelos espíritos que se apresentaram como Caboclos, Pretos Velhos e Crianças. Em meio as práticas confusas, desordenados, fez-se imprescindível um movimento, dentro desses cultos, ou de usa massa de adeptos, lançado através da mediunidade, pelos Caboclos, pretos Velhos e Crianças, com o nome de UMBANDA.


O termo UMBANDA que eles implantaram no meio ambiente, para servir de bandeira a essa corrente poderosa é um termo litúrgico, sagrado, vibrado, que significa, num sentido mais profundo, “O CONJUNTO DAS LEIS DE DEUS”,.O termo UMBANDA foi implantado, há pouco mais de 70 anos pelos Espíritos que se apresentam como Caboclos, pretos Velhos e Crianças”.


Emanuel Zespo escrevia em 1953 (“Codificação da Lei de Umbanda”, 2º. Volume) “O movimento Umbandista no Brasil esta apenas em sua quarta década”.


No “Pequeno Dicionário de Umbanda”, publicado em 1956, com o seu nome verdadeiro, Paulo Menezes diz: durante quase onze anos, estudamos, de lápis em punho, as mirongas do rito Umbandista: assisti o nascimento do “Jornal de Umbanda”, escutamos a história da Umbanda, na voz de José Álvares Pessoa, privamos com o mais antigo médium de Umbanda: Zélio de Moraes ““.Lembremos, também, o livro de João do Rio, publicado em 1904, onde descreve todos os cultos e seitas e cujas práticas assistiu, não citando uma vez, o termo Umbanda.
Diz também, o livro “UMBANDA ATRAVÉS DOS SÉCULOS”, de Aluízio Fontenelle que UMBANDA que dizer “A LUZ DE DEUS”, em pesquisas feitas no ARQUEÔMETRO.
Mas, voltemos a 16 de novembro de 1908:A entidade manifestou-se e determinou as normas do culto, cuja prática seria denominada “sessão” e se realizaria à noite, das 20 às 22 horas, para cura de enfermos, passes e recuperação de obsediados.
O uniforme a ser usado pelos praticantes, inteiramente branco.
O atendimento público totalmente gratuito.
Os cânticos não seriam acompanhados de atabaques, nem de palmas ritmadas.
Fundava-se assim, o primeiro Templo oficializado ao culto de UMBANDA, com o nome de “TENDA ESPÍRITA NOSSA SENHORA DA PIEDADE”, porque nas palavras da Entidade assim como Maria acolhe em seus braços o filho, assim a Tenda acolheria os que nas horas de aflição, a ela recorresse.
Através de Zélio de Moraes, além do Caboclo das Sete Encruzilhadas, manifestou-se um preto Velho, Pai Antônio, para a cura de enfermos.
Cinco anos mais tarde, apresentou-se outra Entidade, o Orixá Malê, para tratar dos obsidiados e combater trabalhos de magia negra.
A figura de Cristo centralizava o culto. Sua Doutrina de perdão, de Amor, de caridade, era a diretriz dessa Religião, que falava de perto aos corações humildes, anulando preconceitos, nivelando o doutor e o operário o general e o soldado, a senhora e a sua serviçal.
Daí em diante, a casa de Zélio de Morais a passou a ser meta dos crentes, descrente, enfermos e curiosos.
Os enfearmos, eram curados. Os descrentes assistiam provas irrefutáveis.
Os curiosos constatavam a presença de uma força superior. E os crentes aumentavam dia a dia.
A retribuição monetária pelos trabalhos de cura de enfermos e obsediados não era admitida, em mesmo sob a forma de presentes.
Médiuns que, por receberem entidades que se apresentavam como Caboclos, Pretos Velhos e Crianças, eram recusados em centros espíritas, aderiram ao novo culto. Houve manifestações espontâneas de mediunidade.
E, deu-se a recuperação imediata de enfermos, cuja doença considerada mental, nada mais era do que manifestação mediúnica.
Mais tarde, iniciaram-se as aulas doutrinárias para o preparo dos Médiuns, que iriam dirigir os sete que o Caboclo das Sete encruzilhadas deveria fundar, como segunda etapa da sua missão.
Tenda Nossa Senhora da Conceição, Tenda Nossa Senhora da Guia, Tenda Santa Bárbara, Tenda São Pedro, Tenda Oxalá, Tenda São Jorge, Tenda São Jerônimo, com Leal de Souza, com Durval de Souza, com João Aguiar, com João Meireles, com Paulo Lavois, com João Severiano Ramos, com José Pessoa e Aniro M. Batista, médium do Caboclo da Lua, respectivamente.
Centenas de Templos foram depois fundados sob a orientação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, no Estado do Rio, em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Pará e Rio Grande do Sul. Sempre que possível Zélio participava pessoalmente da instalação; quando o seu trabalho material não o permitia, enviava médiuns capacitados para organizarem e dirigirem as novas casas.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas nunca determinou sacrifício de aves ou animais para fortalecer o poder do médium, nem homenagear entidades, e também, jamais promoveu alguma noite da cachaça e orgia, ou coisa parecida .

O preparo mediúnico baseava-se na Doutrina, no ensinamento de normas evangélicas. A água e as ervas eram os elementos ritualísticos usados através de amacis, banhos e defumadores, pois, a UMBANDA também é Doutrina baseada nas Forças da natureza.
O Evangelho era a base, do ensinamento da entidade que recomendava, como lembrete constante do que é necessário para a prática correta e leal da mediunidade:
Não ter vaidade; Manter elevado padrão moral; proceder corretamente dentro e fora do Templo; Prestar socorro espiritual gratuitamente a todos que, dele necessitando, recorram ao médium; Não aceitar retribuição monetária pelos trabalhos. A única retribuição deve ser a certeza do dever cumprido.
A UMBANDA nos ensina a crer:
Num Deus único e absoluto; Nos Orixás, Forças Superiores que atuam nos vários campos da revelação e chegam até nós através de seus Mensageiros os Guias trabalhadores dos terreiros de Umbanda; Na Reencarnação, à volta do Espírito sucessivamente ao corpo físico, para se aprimorar, Na Lei de Causa Efeito, que nos dá a colheita correspondente ao que semeamos; No Amor ao próximo, base da Fraternidade Universal.
A UMBANDA indica-nos o caminho a seguir:
A Prática da mediunidade como Missão e nunca como Profissão: O Pensamento Positivo para nós mesmos e para os nossos semelhantes; a Caridade, Amor, Espírita na Palavra e na Ação.
Em 1939, o Caboclo determinou que se fundasse uma Federação, para congregar os templos umbandistas e que deveria ser o núcleo central do culto.
Essa Federação passou a denominar-se, mais tarde, União Espírita Umbandista do Brasil. Dez anos depois, surgiu o Jornal da Umbanda que durante mais de dois decênios foi um porta-voz doutrinário de grande valor.
No crescimento religioso que, a partir de 1930, tomou ainda maior vulto, nem todos os dirigentes souberam manter-se na função de missionários da espiritualidade. A vaidade, a intolerância, as tentações que a “vil moeda” , como dizia o Caboclo exerce sobre o homem, são as principais responsáveis pelo grande número de templos que usam o nome de UMBANDA, pela vibratória intensa da palavra, sem contudo, seguirem as normas estabelecidas pela Entidade, desrespeitando a verdadeira codificação elaborada em longos meses de estudo e trabalhos práticos. Nem todos souberam manter o “Slogan”: UMBANDA É A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO PARA A CARIDADE.
Em conseqüência, o modesto uniforme branco deu lugar a vestimentas vistosas, com rendas e lamês de alto custo, sugerindo luxo e estabelecendo, indevidamente, diferenças econômicas entre os membros de uma comunidade religiosa.
A presença dos Caboclos deixou de objetivar exclusivamente a prática da Caridade, para constituir uma sessão festiva, e o conceito de “Daí de graça o que de graça recebeste”, ficou no esquecimento substituindo que foi pelos cartazes estipulando preços para “Consultas” de Pretos Velhos, Exus e das “Ciganas”...
A magia, que o Caboclo das Sete Encruzilhadas e seus auxiliares espirituais, incorporados e cônscios de sua responsabilidade, praticavam para curar, retirar obsessores, encaminhar os desviados da trilha do amor fraterno e da caridade, deu lugar à magia terra-a-terra, regada a sangue e motivada por dinheiro.A UMBANDA cresceu e difundiram-se, milhares de Templos cumprem a sua missão de caridade espiritual, outros, e em número considerável, infelizmente, desvirtuaram-na.
Mas, como foi dito antes, tudo isto já estava previsto.
Hoje, falta apenas um novo congraçamento, e a união de médiuns dirigentes de Federações e confederação num trabalho maior para se fazer cumprir na íntegra, todos os conceitos de codificação deixando por este valoroso Caboclo e todas as demais Entidade que se apresentam nos Terreiros, Cabanas e Tendas de UMBANDA, para que as profecias se cumpram, no início da nova era do terceiro milênio, “ERA DA REGENERAÇÃO”.
Era da paz, baseada nos princípios ou conceitos da HARMONIA, do AMOR, da VERDADE e da JUSTIÇA; ou ainda, como dizia o Caboclo: fazer com que todas as Tendas e Cabanas sejam um local, onde, não haja preconceitos, e os Espíritos mais sábios possam sempre continuar a ensinar os menos esclarecidos de boa vontade, com o único e exclusivo intuito, o do dever cumprido. “NA REVERÊNCIA A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS, E NO AMOR AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS”.E para tanto, não devemos jamais olvidar deste grande ensinamento: Desejam-se nos unir em mente e corpo num mesmo Trabalho, antes teremos que nos unir em espírito. Isto porque: uma vez unidos em Espírito, os corpos automaticamente já estão unidos. Pois, o ESPÍRITO sobrepõe a MATÉRIA.






Colaborou:
Marcelo N.Santos
Primado de Umbanda

Teologia Umbandista

A Teologia Umbandista contribue para o entendimento do Sagrado


As diversas tradições religiosas do planeta não deveriam ser vistas como os resquícios de uma época na qual predominava a consciência mítica e que foi superada pela ciência e pela razão. Ao contrário, o acervo representado pela cultura espiritual do planeta não aponta para um passado primitivo, mas para o futuro que desejamos de igualdade de direitos e de exercício de convivência pacífica. Portanto, o aprofundamento teórico e prático nas questões de cunho espiritual representa uma necessidade premente no momento em que enfrentamos os conflitos da sociedade pós-moderna e da era da globalização.


O planeta passa por dilemas nas esferas econômica, ambiental, social e política e a espiritualidade pode ser o paradigma que sustente as transformações requeridas para voltarmos ao equilíbrio. Por mais que vivamos o progresso tecnológico e científico, não temos sido capazes de universalizar esses bens a toda coletividade planetária. Precisamos reconhecer que os esforços das ciências e da filosofia não têm culminado na construção da justiça social. Uma das causas desse insucesso é a redução da vida ao materialismo puro da visão mecanista.


Por outro lado, aqueles que dedicam suas vidas ao desenvolvimento e propagação dos valores espirituais devem também compreender que não podemos continuar ensinando uma religiosidade desconectada do mundo real e em contradição com os achados da ciência e das novas áreas do saber humano. Devemos sim encontrar as formas de espiritualidade que sejam eficazes para conduzir o ser humano contemporâneo ao encontro do Sagrado. Podemos nos adaptar ao nosso tempo sem precisar fazer concessões da fé.


Outro aspecto a se levantar é se o surgimento de uma sociedade globalizada pode ser motivo para o desaparecimento das religiões que se encontram fundadas em valores culturais situados no tempo e no espaço. Se, de certo modo, temos que o desenraizamento típico da pós-modernidade provoca a perda de valores tradicionais e até mesmo compromete a identidade e o sentimento de pertencimento às culturas locais; encontramos aí também a possibilidade de construir uma espiritualidade mais ampla, abrangente e universalista. Basta estarmos dispostos a encarar a espiritualidade como um fenômeno maior e mais profundos que as religiões.


A proposta do Blog da Faculdade de Teologia Umbandista é facilitar os diálogos entre ciência, filosofia, religião e arte. Também espera discutir a fundo as várias tradições religiosas do planeta na expectativa de desfazer os preconceitos e fertilizar o campo das idéias com os ensinamentos dos grandes espíritos que já passaram pelo planeta.


Por fim, esperamos que ampliando a compreensão sobre todas as religiões, avancemos no entendimento do Sagrado em si e possamos enriquecer a cultura dos umbandistas e de todas aqueles que buscam a paz e a convergência.

(texto extraído do blog da Faculdade de Teologia Umbandista)